Soul de Brasileiro, a afinação de um povo. Quando eu vi a primeira vez juntas como um buquê as vozes de Zé Junior, Negra Silva e G Vieira fiquei em impacto. Tentei achar uma palavra que pudesse traduzir o meu espanto. Foi um soco na alma, na melhor metáfora, é como eu costumo dizer: existe fúria na beleza. São três jovens do subúrbio que começaram a cantar na igreja e descobriram ali o seu talento e sacaram que o que eles queriam era cantar. A voz é um tesouro. Principalmente nesse caso, um tesouro que sai da boca desses meninos, desses jovens que acreditaram no sonho e foram vencendo o improvável. Porque vencer o improvável não é fácil. Essas três vozes combinadas capazes de iluminados arranjos em virtuosos vocalizes deixam a gente muito emocionada. Um grande papel da arte é provocar o vivente, inspirá-lo a trilhar sua vida. Pois a alma de brasileiro, o Soul de brasileiro é em si uma jóia inspiradora. Me sinto privilegiada por tê-los conhecido e por terem sido levados para dentro de minha casa num dia de sarau muito mágico. Que choque. Que brilho o que se via ali. Parecia que havia uma orquestra com eles. Foi uma experiência emocional indescritível. Seu canto retumbante, sua alma presente em cada voz, particular e coletiva, nos lembra a alta filosofia africana do Ubuntu: eu sou porque nós somos. As vozes têm potências individuais e cada uma é linda sozinha também, mas juntas, formam uma outra coisa, um outro ser, um outro canto e todo mundo brilha!!! -por Elisa Lucinda