Reza a lenda que eu comecei a cantar aos três anos. Fui flagrada sozinha no quarto cantando Taj Mahal, do Jorge Ben (na época sem o “Jor”), a plenos pulmões, balançando os cachos como num transe. Depois disso, passei a infância e a juventude acompanhando meu pai, Luiz Carlos Saroldi, nos estúdios de rádio onde ele trabalhava, escutando seus programas, indo a shows e ouvindo muitas, muitas canções. Na hora de escolher que carreira seguir o canto até apareceu na lista, mas acabei seguindo a paixão pelos livros e fui estudar filosofia, psicanálise, sociologia da cultura... Lá se vão quase trinta anos de carreira como professora universitária (quem ficar curioso pode checar meu currículo Lattes, rs...), uma profissão que eu amo e a qual devo mais do que posso expressar. Há alguns anos, depois de muita cantoria improvisada por aí, a retomada do canto, “pra valer”, se impôs de maneira avassaladora, comecei a ter aulas e, convocada por minha mestra Ana Dan, acabei no estúdio. Por meio do canto recupero memórias, desfruto da minha admiração pela língua alemã, reinvento o que digo em português, sou mais coração do que cabeça, banco a sexy e, sobretudo, me sinto ligada a uma grande família de compositores, arranjadores, produtores, músicos e cantores que admiro.