Duas décadas de carreira e vinte discos perdidos por aí. Um dos artistas mais hiperativos da música contemporânea brasileira, Rafael Castro ficou conhecido por produzir seus álbuns completamente sozinho, lá nos anos 2000, e pelo cinismo criativo que o cunhou como um novo “marginal”. No próximo dia 22, sexta-feira, ele quebra o silêncio de oito anos revelando Vaidosos Demais, seu novo trabalho solo, atualíssimo. Cutucando, com lugar de fala, aa classe média-baixa da Zona Oeste da cidade de São Paulo, a decadência da simbologia hipster, a objetificação dos artistas nas redes sociais, a iconoclastia ao cristianismo, os exageros retóricos de uma esquerda falha em suas práticas, o conservadorismo mascarado de liberalismo, a hipocrisia das fofocas novelísticas, a entropia do universo. Vaidosos Demais deixa claro o amadurecimento de Rafael Castro, e sua conexão com o presente e suas questões. As tretas cotidianas, registro temático do artista, aqui se apresentam aprofundadas e marcadas pela contemporaneidade, com a presença das redes sociais, a polarização política e os impactos da vida pós-pandêmica.