O desejo de apresentar uma sonoridade revolucionária, somado às reflexões que acompanham um homem preto no Brasil, impulsionou Arãm a adentrar pelo conceito contemporâneo do “AfroPop”. Segundo Margareth Menezes, são “Influências que vão da ‘black music’ americana fundidas com tambores afro-brasileiros e indígenas, marcando a original identidade brasileira. O AfroPop é uma identidade artística e de comportamento, não sendo apenas um rótulo musical”. Em seu primeiro EP, “Orfeu Novo: do Beat ao Taré”, toda a pesquisa se materializa, destacando a mistura rítmica de timbres e sonoridades do Rio à Bahia: o violão de nylon do samba harmonizando o pagotrap baiano; as melodias pop da voz e da guitarra baiana sublinhadas por sintetizadores digitais caricatos; e, por fim, letras que ilustram todas as camadas do flerte e do amor nos tempos líquidos. Ao partir desse preceito de mesclar “A África de lá (Salvador) com a África daqui (Rio de Janeiro)”, todo o álbum foi produzido conjuntamente entre produtores baianos e cariocas a fim de fundir literalmente suas influências. Dessa forma, o EP é o abre-alas perfeito para demonstrar a intenção do artista com as infinitas possibilidades do novo, sem deixar de dialogar com a riqueza da nossa ancestralidade e cultivar cada vez mais nosso pertencimento por essa cultura.