Gonzaga Leal é um fenômeno de paixão pelo canto refinado. É um dos raros intérpretes que se aprofundam no canto brasileiro para tirar daí uma ética e uma metafísica. Cantador sem dó de peito, de voz curta, mas grande expressão. A beleza dos CDs de Gonzaga Leal vai se revelando aos poucos no passeio por diversas tradições brasileiras como a dos pontos de candomblé e dos sambas de roda. A reunião de belos temas de domínio público reafirma o interesse do cantor no que permanece, não no efêmero. Seus discos são obras de arte. Um verdadeiro artista tem que ser ousado, atrevido e afoito. Três qualidades que Gonzaga esbanja nos seus CDs. São discos sem modismos, sem parafernalhas eletrônicas. Discos verdadeiros. Gonzaga é mais que um cantor, é um artista visceralmente entranhado com a arte de interpretar. Tem o espírito criativo de um intérprete de ofício. Gonzaga Leal é um pesquisador atento, não procura os caminhos mais fáceis em sua música. Seu foco é em uma elegância com uma boa dose de transgressão. Cheio de emoção sem ser piegas, seu canto é bem peculiar, não segue escolas conhecidas, e nem procura se encaixar em chavões. Divisões e intenções aqui, tem a cor própria do artista. Nada é gratuito e nem trás fórmulas prontas. Seus passos são inesperados, sempre.