Tem algo de encantadoramente mágico nos sons produzidos pelos Embatucadores. Parece que você já os ouviu antes e que sabe de onde eles vêm, que instrumentos os produzem, mas então, do nada, o grupo puxa o seu tapete e algo soa diferente em cada cantinho de cada música. Peraí, isso não é uma bateria. Ouve direito, isso não é um MPC. Mas isso não é um sintetizador?! Não, senhoras e senhores, quase todos os instrumentos tocados por esse grupo foram criados por eles mesmos a partir de sucata, lixo, do que viesse pela frente. É que Hermeto Pascoal e Tom Zé já mostraram por A + B que tudo é som, tudo faz música, e os Embatucadores seguem, cheios de energia, humor e precisão, o caminho inventivo aberto por esses artistas veteranos. Formado em 2013 a partir de um projeto educacional que existe desde 2003 em uma escola estadual da Zona Norte da cidade de São Paulo, os Embatucadores lançam agora seus primeiros registros fonográficos após muitos anos de apresentações nos mais variados espaços públicos (incluindo o mais duro e real, a rua). Nas 18 faixas instrumentais que compôem seu primeiro trabalho intitulado Terra Brasilis, o grupo criado e comandado por Rafael Rip, mostra uma impressionante variedade de possibilidades sonoras, que vão desde a música eletrônica (só que orgânica) ao xote, passando por samba, industrial, coco, ambiente, indígena, tanta coisa.